30 dezembro, 2010
Romã
A romã, cujo nome científico é Punica granatum, pertence à família das punicáceas. Nativa e domesticada no Irã (antiga Pérsia) por volta de 2000 A.C., esta fruta foi levada pelos fenícios para o Mediterrâneo de onde se difundiu para as Américas, chegando ao Brasil pelas mãos dos portugueses.
Na época das guerras Púnicas, os romanos trouxeram a fruta dos territórios de Cartago e chamaram-na Malum punicum. Portanto, julgaram-na erroneamente como sendo originária do norte da África.
No Oriente Médio, a romã é usada na culinária regional em pratos salgados, no preparo de almôndegas e peixes recheados e em saladas com berinjela. 100 gramas da fruta fornecem 62 kilocalorias, sendo altamente rica em fósforo. O fruto é consumido fresco e o suco feito com as sementes é utilizado na fabricação do xarope granadina, usado em condimentos e licores.
No Irã, a romã é hoje uma das frutas preferidas da população.
Símbolo do amor e da fertilidade por suas numerosas sementes, o culto à romã vem dos rituais pagãos da Antiguidade que continuaram a se propagar mesmo com o advento do cristianismo.
A romã é uma das sete frutas pelas quais a terra de Israel foi abençoada. Entre os judeus de origem ocidental existe o costume de colocar sementes da fruta embaixo do travesseiro na passagem do Ano Novo Judaico, comemorado em setembro. Faz-se isso para atrair sorte, saúde e dinheiro no próximo ano.
Na mitologia grega, Perséfone, filha de Demeter e deusa da terra e da colheita, foi levada para o inferno por Hades, deus das profundezas. Jurou não comer nada no cativeiro, mas não resistiu a uma romã.
Comeu seis sementes. Quando Hades afinal perdeu Perséfone para Demeter, teve a permissão de ficar com ela durante seis meses de cada ano, por causa das sementes. Esses seis meses se tornaram o inverno.
Na mitologia iraniana, o fruto desejado da árvore sagrada é a romã e não a maçã, como na religião cristã.
Segundo a crendice popular brasileira, a romã também traz sorte e prosperidade.
É por essa razão que as vendas dessa fruta aumentam muito a cada final de ano, principalmente no Nordeste. Muitos brasileiros também acreditam que terão um ano novo com sorte e dinheiro se colocarem sementes de romã nas suas carteiras de dinheiro ou em partes da casa.
Muitos, pelo mesmo motivo, comem as sementes da fruta no Natal e na passagem de ano.
De acordo com a Bíblia, no templo de Salomão, a circunferência do segundo capitel das colunas do pórtico era ornamentada com 200 romãs postas em 2 ordens.
O profeta Maomé afirmava “coma romã para se livrar da inveja e do ódio”.
Tanto as folhas como suas flores são encontradas nos sarcófagos dos antigos egípcios.
No Cântico dos Cânticos, poema dramático-idílico apócrifo, atribuído ao rei Salomão por uma velha tradição (mas ao que tudo indica composto no século IV A.C.), o amor humano é exaltado através de 2 personagens principais, o esposo e a esposa. Muitos, entretanto, vêm a figura de um simples pastor no lugar do esposo. Já as tradições judaica e cristã viram no cântico o símbolo do amor de Jeová por Israel e do povo eleito por seu deus.
Nesses cânticos, a beleza da face da amada é comparada ao fruto da romãzeira, cuja cor talvez represente o ideal de beleza daquela época.
É no bosque de romãs que a amada promete entregar-se ao seu amor.
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