Por que Amantikir?
No século XVI, quando os primeiros exploradores portugueses iniciavam suas viagens ao interior do Brasil, viviam em nosso território um número entre 4 e 10 milhões de indios. Uma população maior que a de Portugal, que na mesma época contava cerca de 1,5 milhão de habitantes. Cerca de 3 milhões desses nativos ocupavam uma faixa de aproximadamente 100Km de largura a partir do litoral. Tratava-se da Nação Tupi, unida pelo mesmo tronco linguístico, que se dispersava desde o estado do Pará até a Argentina.
A Serra escarpada que acompanhava o rio Paraíba (rio feio em tupi), onde hoje situa-se Campos do Jordão, conhecida pelos nativos como amantikir, "a montanha que chora", tornou-se Mantiqueira na pronúncia dos Lusitanos.
(Entenda a origem do nome conhecendo a Lenda de Amantikir).
Conta a lenda que havia uma princesa encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. Seu nome o tempo esqueceu, seu rosto a lembrança perdeu, só se sabe era linda.
Era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Vira homens se matarem por vê-la. Tacapes velozes triturando ossos, setas certeiras cortando carnes. Como poderiam amá-la se não amavam a si próprios?
A Bela Princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro, que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Não via sua beleza, não escutava suas palavras nem se detinha para tê-la.
Mal passava, cálido, por sua pele morena, sua tez cheirando a flor, mal acariciava seus pelos negros, suas pernas esguias, e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras. Mas ela era tão bonita que sentí-la nua, seus pequenos túrgidos seios, seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabaram também encantando o Sol. E o Guerreiro de Cocar de Fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré...
A Lua mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo não havia noite. O sol não se punha mais e não havia sono, não havia sonho, e tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais...
De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçú, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher...
E foi contar tudo para Tupã. E tanto, de tanto que Tupã quis saber o que era, que a Lua, cheia de ódio, crescente de ciúme, minguando de dor, se fez um novo ser de noite-sem-lua. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou deter o tempo para amar alguém?
Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!... Tupã ergueu a maior montanha que existia lá e dentro dela encerrou a Princesinha Encantada da Brava Tribo Guerreira do Povo Tupi. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constalados e prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da Princesinha, tão bela, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol... Ela chorou rios de lágrimas, Rio Verde, Rio Passa-Quatro, Rio Quilombo, rios de águas límpidas, minas, fontes, grotas, enchentes, corredeiras, bicas, mananciais. Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou de Amantikir, a "Serra que chora", Mantiqueira, a montanha que a cobriu...Conta a lenda que foi assim...
|
Dia inesquecível, amigos inesquecíveis...local inesquecível. Amei tudo, tudo tudo...!!!!!
ResponderExcluirNossa, adorei Li!
ResponderExcluir