09 dezembro, 2010

Sementes




Um homem morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica.

Todos os dias ele pegava o ônibus das 6h15 e viajava cinqüenta minutos até o

trabalho.

 À tardinha fazia a mesma coisa voltando para a casa.

No ponto seguinte ao que homem subia, entrava uma velhinha,

que procurava sempre sentar na janela.

Abria a bolsa tirava um pacotinho e

passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus.

Um dia, o homem reparou na cena. Ficou curioso. No dia seguinte, a mesma coisa.

Certa vez o homem sentou-se ao lado da velhinha e não resistiu:

- Bom dia, desculpe a curiosidade, mas o quê a senhora esta jogando pela

janela?

- Bom dia, respondeu a velhinha. Jogo sementes. - Sementes? Sementes de

que?

- De flor. é que eu viajo neste ônibus todos os dias. Olho para fora e a

estrada é tão vazia. E gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo

o caminho... Imagine como seria bom. - Mas a senhora não vê que as sementes caem

no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos...

A senhora acha que essas flores vão nascer aí, na beira da estrada?

- Acho, meu filho. Mesmo que muitas sejam perdidas,

algumas certamente acabam caindo na terra e com o tempo vão brotar.

- Mesmo assim, demoram para crescer, precisam de água...

- Ah, eu faço minha parte. Sempre há dias de chuva. Além disso, apesar da

demora,

se eu não jogar as sementes, as flores nunca vão nascer. Dizendo isso,

a velhinha virou-se para a janela aberta e recomeçou seu "trabalho".

O homem desceu logo adiante, achando que a velhinha já estava meio "caduca".

O tempo passou... Um dia, no mesmo ônibus, sentado na janela, o homem levou um

susto, olhou para fora e viu margaridas na beira da estrada, hortênsias azuis,

rosas, cravos, dálias... A paisagem estava colorida, perfumada, linda.

O homem lembrou-se da velhinha, procurou-a no ônibus e acabou perguntando para o

cobrador, que conhecia todo mundo. - A velhinha das sementes? Pois é, morreu de

pneumonia no mês passado. O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a

paisagem florida pela janela. "Quem diria, as flores brotaram mesmo", pensou.

"Mas de que adiantou o trabalho da velhinha?

A coitada morreu e não pode ver esta beleza toda".

Nesse instante, o homem escutou uma risada de criança.

No banco da frente, um garotinho apontava pela janela entusiasmado:

- Olha, mãe, que lindo, quanta flor pela estrada... Como se chamam

aquelas azuis? Então, o homem entendeu o que a velhinha tinha feito. Mesmo não

estando ali para contemplar as flores que tinha plantado, a velhinha devia estar

feliz.

Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas.

No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se numa janela

e tirou um pacotinho de sementes do bolso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário aqui é sempre bem vindo!
Se você não tem blog,nem gmail...comente e use a opção ANÔNIMO.
Mas se puder assine seu nome.
Obrigada pela visita!